Todos os anos, dentro do tempo litúrgico do Natal, celebramos liturgicamente a Sagrada Família – Jesus, Maria e José –, memória festiva que fazemos da família de Nazaré, datada do século XVII e fixada no domingo após o Natal desde 1968.
Na gruta de Belém se manifestou o plano divino para a humanidade: o amor. Os reis magos contemplaram esse mistério por meio de uma pequena família reunida – pai, mãe e filho – um reflexo humano, limitado, da Trindade Santa como bem nos disse o Papa Emérito Bento XVI “a família humana, num certo sentido, é ícone da Trindade pelo amor interpessoal e pela fecundidade do amor” (Ângelus, 27/12/2009).
Então, o motivo de celebrarmos essa data é porque Deus escolheu ter uma família, Ele escolheu pessoas simples, mas santas para conduzi-Lo neste mundo: uma mãe e um pai. O Menino Deus rebaixou-se a nós como prova de amor e escolheu o ventre de Maria para habitar e o colo de José para crescer – em Nazaré, lugar de escondimento, Jesus cresceu em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos homens.
Experimentando a graça de ser família
Até o dia 31 de dezembro de 2023, encontrava-me exatamente com 40 semanas de gestação, carregando no ventre uma vida cada dia mais pronta para vir a este mundo. Ademais, o cansaço e as dores desse longo caminho trilhado por 9 meses e também a expectativa por esse encontro sem hora marcada. Participando da Santa Missa e celebrando a Sagrada Família, fui refletindo sobre como foi para Maria o último dia de sua gestação, todas as aflições e decisões que se passaram nessa reta final ao lado de José, pois assim como ela, na condição de mãe, passei por provações e momentos de escolha junto ao meu esposo.
Então ali, sendo levada pelas reflexões feitas durante os ritos da missa, senti as primeiras contrações do trabalho de parto. Suportei piedosamente todas elas, ora apertando a mão do meu esposo, ora respirando fundo, mas sempre ofertando cada dor a Maria, que, diferente de mim, teve seu parto envolvido de um mistério que não conseguimos compreender em totalidade, mas que mesmo assim conhece meu coração de mãe e tudo que me esperava naquele dia.
Poucas horas depois, envolta em medos, dores e inseguranças, eu tinha ao meu lado aquele que Deus me confiou e que comigo escolheu ser uma só carne, que me confortou e sofreu comigo cada momento, e foi guiado pelo estado de graça a ele confiado a me dar suporte, direção e, sobretudo, amor.
Depois de 3 horas e meia de trabalho de parto, tínhamos em nossos braços nossa filha, a pequena Inês.
Inundados de amor, contemplamos o milagre da vida que nos foi confiada desde toda a eternidade, mas, imperfeitos que somos, não somente agradecemos a Deus, mas também pedimos: “Senhor, ensina-nos a ser família como a sua, a de Nazaré”.
Por isso, inspiradora pela Família de Nazaré, aproveitemos para pensar em como estamos sendo família nestas primeiras semanas do ano novo. Pela escolha de Deus de se revelar ao mundo dessa forma, Ele reestabeleceu o modelo de amor e santidade que deseja para nós, seu projeto divino perfeito para ser aplicado em cada lar, apesar das nossas imperfeições.
Finalizo essa reflexão e partilha com a oração após as preces daquela missa proferida pelo sacerdote:
“Pai de bondade e de amor, fazei que, nas famílias deste mundo, os maridos amem as esposas, as esposas sejam o sol de cada lar e os filhos imitem Jesus Cristo, vosso Filho. Ele que vive e reina por todos os séculos dos séculos.”
É isso que Deus quer para nós: amor entre esposos, obediência dos filhos aos pais, famílias santas e felizes.
Jesus, Maria e José, minha família vossa é!