Há uma grande expectativa pela chegada de Cristo. Na mentalidade de muitos a salvação que Ele trará é meramente temporal. O herdeiro de Davi subirá ao trono e restaurará a monarquia. Mas o Messias é muito mais que um rei terreno. Em cumprimento às promessas de Deus feitas a Israel através dos profetas, nasce Jesus, descendente de Davi, que restaurará o trono, não material, mas espiritual, um trono imperecível. A realeza de Cristo não é deste mundo.
Cristo é solidário com os mais fracos, os desprezados, os que sofrem; quer restaurar o reino da dignidade do homem e nada mais conflitante com a dignidade humana que o pecado. É do pecado que o Cristo vem nos libertar e, entenda-se como pecado todo mal que somos capazes de fazer contra Deus, contra nós mesmos e contra nosso próximo.
Deus, através de seu Divino Filho, nos liberta da prisão do mal. E a obra da salvação nos é oferecida já naquele dia feliz e santo em que Maria, na sua singela humildade, aceita a alta missão de ser a Mãe do Filho de Deus, se entregando confiante nas mãos do Pai, como serva obediente de um Senhor que nela encontra graça.
Deus nos salva sem prescindir da nossa colaboração, antes a acolhe na pessoa da Virgem Maria, que representa, de modo todo especial, o gênero humano. O sim de Nossa Senhora à proposta de Deus é o sim da humanidade ao projeto de salvação que Ele tem para nós.
É necessário que abramos o coração para responder generosamente a Deus, a exemplo de Maria, a fim de que Cristo nasça em nós e possa nos redimir com seu imenso amor que, de modo misteriosamente admirável, faz Deus se rebaixar a ponto de se fazer humano, em um total esvaziamento de Sua glória, sujeito a tudo que somos, ao tempo e ao espaço, em tudo igual a nós, menos no pecado.
O Verdadeiro Deus se faz verdadeiramente humano para nos tornar “divinos” é frase muito repetida, mas, talvez, pouco meditada. Reflitamos nestes dias sobre este sublime Mistério de Amor. Contemplemos na manjedoura de Belém, em meio àquela extrema simplicidade, a nossa Salvação e elevemos ao nosso Bom Deus uma prece de gratidão por essa dádiva preciosa que Ele nos concede.
Padre João Dias Rezende Filho
Texto do dia 22 de dezembro de 2012, pelo então seminarista João Dias