Chegamos à Grande Quaresma da Igreja, tempo propício para se viver um retiro espiritual ao longo de 40 dias. Momento de fazemos um grande exame de consciência a fim de percebermos o que precisamos mudar, em que precisamos crescer… enfim, em quais áreas de nossa vida nos falta conversão.
Durante esse tempo, a espiritualidade católica nos orienta à prática dos exercícios quaresmais, que são a esmola, o jejum e a oração. Somos convidados a viver essas três dinâmicas a fim de combater os três grandes inimigos de nossa alma: a carne e sua concupiscência, o mundo e suas seduções e nós mesmos e nossa soberba e orgulho.
Muitas pessoas acham que a Quaresma é um tempo ruim, pesado, no qual não se pode cantar o “Aleluia” na liturgia, e as igrejas adotam uma decoração mais sóbria, até mesmo pesada ou triste. Tudo isso é um grande engano, pois a Quaresma é um tempo de graça, de tocarmos o céu, de tocarmos Deus, um tempo em que somos alcançados pela misericórdia de Deus. Por isso mesmo ela é um tempo de intensa oração, e oração de qualidade, um período para buscarmos em Deus as respostas de que necessitamos e a força para nossa conversão. Ademais, é também o momento de se fortalecer a própria vontade por meio de sacrifícios e mortificações que têm o objetivo de nos fazer vencer nossas paixões desordenadas. Aliás, é justamente para isso que servem o jejum e a penitência: para fortalecermo-nos perante as tentações fim de fortalecermos o autodomínio e permitir que Jesus seja, de fato, o Senhor de todas as coisas em nós. A esmola, por fim, contribui para superarmos nossos impulsos materialistas, nossa cobiça e ambição. Renunciar a um bem lícito em favor de outra pessoa que dele necessita é uma forma de alargar as portas do nosso coração, alcançando a virtude da generosidade.
Mas, afinal, por que tudo isso? Com que finalidade?
O grande fruto da Quaresma deve ser um nascer de novo, em Cristo Nosso Senhor. Um período de Quaresma vivido com profundidade nos conduzirá a uma verdadeira experiência de Páscoa, de ressurreição com Cristo Jesus. Passamos pelas penitências da Quaresma e pelos sagrados mistérios da Paixão do Senhor na Semana Santa a fim de ressurgirmos com Ele para uma vida nova, o ápice destes dias de retiro, que culmina num convite de vida nova e salvação eterna.
Vivamos com profundidade a Grande Quaresma da Igreja a fim de que ela nos ajude a morrer para nós mesmos e para nossos pecados e ressuscitarmos com Cristo e em Cristo para uma vida nova.
Eduardo Rivelly
Fundador da Comunidade Católica Missão Maria de Nazaré