Em 2017, eu e meu esposo, Paulo Jaques, participávamos de um grupo de oração chamado “Fogo do Céu”. Rezamos muito nessa época para conhecer a real vontade de Deus para nossas vidas, pois sentíamos em nossos corações o desejo de sermos inteiramente d’Ele e entregarmos nossas vidas. Esse mesmo sentimento foi tomando conta de outras pessoas do nosso grupo até que o coordenador discerniu que o grupo de oração deveria se tornar uma comunidade.
Tivemos muitas formações internas, mas algo me incomodava, e eu não conseguia explicar ao Paulo. Ele me dizia que não entendia, mas acreditava que era apenas um sentimento passageiro. No entanto, essa sensação durou mais de um ano. Sentia que caminhava em direção a um destino e nunca chegava; a cada formação, eu “caminhava”, mas nada me dava a sensação de estar onde Deus queria.
Até que, em 2018, tivemos uma formação na Comunidade Missão Maria de Nazaré (MMN) com um casal de Caxias do Sul, membros da Comunidade Oásis. O tema da formação era “Carisma”. Bendita formação, pois, quando disseram: “Deus, ao te criar, colocou o carisma em ti. Se você tem o carisma do ‘Fogo do Céu’, ele está contigo desde o ventre materno”, essas palavras me tocaram profundamente, e eu pensei: “Estou no lugar errado, pois, se fosse aqui, eu estaria em paz”.
Por meio da minha cunhada Maria Angela, fiquei sabendo de um vocacional da MMN que abriria em 2019. Conversei com Paulo, mas ele se recusou a participar, então não o fizemos. Em 2020, procurei novamente Angela para saber se haveria vocacional naquele ano, apesar da pandemia. Ela me disse que haveria, mas sugeriu que não participássemos, pois seria online e talvez não tão proveitoso. Nesse mesmo ano, a comunidade iniciou um curso para professores. Como Paulo e eu somos formados em Educação Física, Carla Rivelly nos convidou para participar das formações. Não sei exatamente o porquê, mas senti que essa era uma oportunidade de me aproximar e conhecer mais a comunidade.
A cada formação, sentia que estava no lugar certo. Partilhei isso com meu esposo, mas isso o frustrava, pois ele se sentia incomodado ao perceber que eu estava bem em outro lugar e não no “Fogo do Céu”. Ele também não tinha certeza se estava no caminho certo, mas acomodou-se onde estava, sustentado pelas amizades, e não pela vontade de Deus. Até que, em 2021, ele me disse que a MMN abriria um novo vocacional. Eu já sabia, mas, como ele havia recusado meus pedidos de participar nos anos anteriores, falei com Jesus que esperaria Ele tocar o coração do Paulo. Então, ele respondeu que, como meu esposo, era a cabeça de nossa família, e o corpo não se move sem a ordem da cabeça. Diante disso, ele entendeu que precisávamos estar juntos e abertos à vontade de Deus, e assim fizemos.
A cada encontro vocacional, sentíamos uma atração crescente e aguardávamos ansiosos por mais formações, desejando beber desse carisma que nos fazia olhar para dentro de nós mesmos. Hoje, fazendo memória de tudo o que vivemos, é difícil expressar a angústia que senti ao tentar criar raízes em um lugar que era apenas um terreno de passagem. Agora, estando aqui, onde Deus nos plantou, só me resta a paz de florescer onde Ele nos quis e saber que, enfim, cheguei em casa.