Explicando-nos a dinâmica do Reino de Deus, Jesus nos conta uma parábola: a Parábola dos Talentos insere-se no contexto do último grande discurso de Cristo do Evangelho segundo Mateus que antecede sua Paixão, Morte e Ressurreição. É o discurso escatológico. Escatologia é palavra de origem grega que significa as últimas coisas, os acontecimentos finais, remetendo-nos à ideia de julgamento final e eternidade. Claro que pode parecer árduo travar contato com os textos da Bíblia, entretanto, o conhecimento de Deus passa pelo conhecimento das Escrituras, na linha do que preconizou São Jerônimo: “Ignorar as Escrituras é ignorar Cristo”. Não há, portanto, conhecimento genuíno da Palavra de Deus sem disciplina e trabalho. Nós, discípulos de Cristo, temos que estudar e rezar com a Bíblia, lendo-a diariamente, à luz da Fé guiada pelo seguro Ensinamento da Igreja.
Na parábola, o patrão parte para o estrangeiro e, antes, distribui seus bens, seus talentos aos seus empregados. Ele é o Bom Deus que nos confia os seus bens, isto é, nos chama a ser colaboradores seus na construção do seu Reino. Ressalte-se que os talentos confiados são proporcionais à capacidade de cada um, daí a diferente quantidade que cada um dos servos recebe. Deus nos concede aquilo que somos capazes de administrar. Quando a parábola fala em talentos, moeda de ouro ou prata do Império Romano, apesar da linguagem econômica, recorde-se o contexto de uma parábola, onde as coisas nos querem dizer algo além de seu significado imediato e material. Os dois primeiros empregados se mostram diligentes em fazer render os talentos que lhes são confiados e, como consequência, são chamados a participar da mesma vida do patrão, admitidos a uma festa, figura do banquete definitivo na Glória eterna. Já o servo que simplesmente enterrou o talento, ou seja, desperdiçou o bem que lhe foi confiado e, indolentemente, não se colocou a serviço, teve este único talento retirado, pois ele não soube aproveitá-lo, bem como recebeu o castigo de não poder participar das alegrias do patrão.
Finalmente, trago um pequeno trecho da mensagem do Santo Padre Bento XVI, no Angelus do dia 16 de novembro de 2008: “A mensagem central do ensinamento evangélico deste Domingo diz respeito ao espírito de responsabilidade com o qual acolher o Reino de Deus: responsabilidade para com Deus e para com a humanidade” Assim, a parábola nos ensina a não desperdiçarmos os talentos que o Senhor nos confia, isto é, a agirmos responsavelmente no mundo como verdadeiros cristãos, praticando o Evangelho, passando do anúncio a uma vivência e testemunhos eloquentes capazes de multiplicar, em nós e nos outros, o ardor e o amor por Deus e seu Reino.
Padre João Dias Rezende Filho
Texto do dia 14 de novembro de 2011, pelo então seminarista João Dias