Se mesmo após ler a formação “Como surgiu a ideia de destruição da família?” você ainda acreditar que as teorias feministas marxistas não passam do campo das ideias, é necessário conhecer Judith Butler (1956) a precursora da Teoria de Gênero, mundialmente reconhecida pelos seus estudos em gênero através do seu livro “O problema do gênero: o feminismo e a subversão da identidade”, que define: ‘o gênero é uma construção cultural, … é uma construção radicalmente independente do sexo, o próprio gênero torna-se um artifício livre de vínculos’. Ou seja, para Butler o ser humano nasce indefinido (neutro) e, devido a influencia da família, da escola, da sociedade e demais instituições, se define e se atrela um papel de Homem ou Mulher imposto por um sistema patriarcal opressor.
Ainda sobre o feminismo marxista, temos Shulamith Firestone (1945-2012) que sintetiza todas as ideias de Freud, Reich, Marx, Engels e Simone de Beauvouir e faz base às ideias de Judith Butler; o lançamento do seu livro: Dialética do Sexo, é ponto de virada que transforma o feminismo em uma ideologia política, demonstrando a revolução sexual como único instrumento para uma revolução social e econômica. Neste livro ela afirma:
“Todas aquelas instituições que segregam os sexos ou separam as crianças da sociedade adulta, por exemplo, a escola elementar, devem ser destruídas. Abaixo a escola! (…) E, se as distinções culturais entre homens e mulheres e entre adultos e crianças forem destruídas, nós não precisaremos mais da repressão sexual… Assim, chegaremos, à liberdade sexual para que todas as mulheres e crianças possam usar a sua sexualidade como quiserem. (…) Em nossa nova sociedade a humanidade poderá finalmente voltar à sua sexualidade natural “polimorfamente diversa”. Serão permitidas e satisfeitas todas as formas de sexualidade.” – Firestone, Sh. La dialectia de los sexos. Em defesa de la revolucción feminista, p. 258-262.
Neste contexto de desconstrução do gênero, essa teoria visa atacar a própria identidade do ser humano. Desta forma, alguns meios de instrumentalização para propagação dessa ideia dentro na sociedade passaram a ser utilizados, entre eles, a expansão do movimento através da linguagem. O gênero que antes se identificava a qualidade da palavra, o sol masculino, a lua feminina, agora passa a identificar a identidade sexual da pessoa conforme sua própria escolha. Esta teoria do uso de sobreposição das contradições foi desenvolvida por Louis Althusser (1918 – 1990) em seu ensaio Aparelhos ideológicos do Estado (1970).
Para Althusser, todas as instituições: religiosa, familiar, jurídico, político, sindical, sobretudo a escolar, precisam gerar o homem revolucionários, que fará a revolução do Aparelho Repressivo de Estado (AIE). Por fim, temos Michael Foucault (1926-1984), que reduz estas instituições a discursos, um filósofo muito estudado dentro das faculdades de Pedagogia, dentro das salas de aulas, tendo inclusive seus textos como referência nas questões do Enem 2023 e 2010. Aquele acreditava que a verdade e os valores eram meros discursos criados para estabelecer relações de poder entre dominadores e subjugados. Nesta linha, Foucault escreve várias obras adentrando o campo da sexualidade, onde afirma:
“O que está em questão, brevemente, é o ‘fato discursivo’ geral, a maneira como o sexo é ‘colocado no discurso’.” – Michael Foucault
Em 1977, Michael Foucault conhece Sartre e Simone de Beauvouir, onde juntos enviam uma petição ao parlamento da França solicitando a abolição da idade de consentimento no país para tornar livre as relações sexuais em qualquer idade. O mesmo reforça em uma publicação acadêmica em 1977 (Politics, Philosophy, culture – Interviews and other writing):
“Existem crianças que se atiram em adultos com dez anos – E daí? Existem crianças que consentem, que se deliciam, não é? (…) Eu me sinto tentando a dizer: a partir do momento em que a criança não recusa, não há outro motivo para punir qualquer ato”. – Michael Foucault
São estes os filósofos estudados em nossos tempos, dentro das faculdades de Psicologia, Pedagogia, Filosofia, formando profissionais que estarão dentro das salas de aula nas escolas. Também muito presentes nos materiais didáticos do ensino médio. A ideologia de gênero nunca foi uma luta por igualdade, mas existe um objetivo, na qual as constantes investidas para ser inserida dentro da Base Curricular das escolas nos geram preocupação a respeito da formação de nossas crianças e adolescentes.
Deryanne Bezerra
Missionária da Comunidade Católica Missão Maria de Nazaré
Referências:
Histórico da Teoria de Gênero: https://www.youtube.com/watch?v=Aos5g2hHI-s
“Como está a pedagogia das escolas no Brasil” https://www.youtube.com/watch?v=HB7o6cspJe0
“Os pais precisam se preocupar com as ideologias nas escolas?” https://www.youtube.com/watch?v=w9ef5jkdkUM
Programa Face Oculta, Brasil Paralelo. https://plataforma.brasilparalelo.com.br/playlists/face-oculta/media/6521de968f06ba00270cbc93?sharer-id=61bb43689f70ca002c0b0432&share-medium=whatsapp&item-id=6521de968f06ba00270cbc93
Livro: Gênero: ferramenta de desconstrução da identidade. / Felipe Nery; José Eduardo de Oliveira e Silva; Domenico Sturiale; Alexandre Semedo de Oliveira; Daniel Serpentino; Liliana Bittencourt; Fernanda Takitani; Juan Claudio Sanahuja; Barbara Dale O’Leary – São Paulo, SP: Katechesis, 2015.