No próximo ano de 2025, a Igreja irá elevar à honra dos altares um jovem, de 24 anos, ainda desconhecido no Brasil, mas de uma bela vida de santidade: o Beato Pier Giorgio Frassati.
O texto abaixo é autoria do site americano FrassatiUsa, que foi traduzido e adaptado do inglês
Pier Giorgio Michelangelo Frassati nasceu em Turim, Itália, em 6 de abril de 1901. Sua mãe, Adelaide Ametis, era pintora. Seu pai, Alfredo, foi o fundador e diretor do jornal “La Stampa” e foi influente na política italiana, ocupando cargos como senador italiano e embaixador na Alemanha.
Ainda jovem, Pier Giorgio ingressou na Congregação Mariana e no Apostolado da Oração, e obteve permissão para receber a Comunhão diária (o que era raro naquela época).
Ele desenvolveu uma vida espiritual profunda que nunca hesitou em compartilhar com seus amigos. A Sagrada Eucaristia e a Santíssima Virgem eram as duas colunas de sua vida espiritual. Aos 17 anos, ingressou na Sociedade de São Vicente de Paulo e dedicou grande parte de seu tempo livre servindo aos doentes e necessitados, cuidando de órfãos e ajudando os militares necessitados que retornavam da Primeira Guerra Mundial.
Decidiu tornar-se engenheiro de minérios, estudando na Real Universidade Politécnica de Turim, para poder “servir melhor a Cristo entre os mineradores”, como disse a um amigo.
Embora considerasse os estudos o seu primeiro dever, ele não se afastava das atividades sociais e politicas. Em 1919, ingressou na Fundação Estudantil Católica e na organização conhecida como Ação Católica. Tornou-se um membro muito ativo do Partido Popular, que promoveu a doutrina social da Igreja Católica com base nos princípios da carta encíclica do Papa Leão XIII, Rerum Novarum.
O pouco que tinha, Pier Giorgio doou para ajudar os pobres, até mesmo usando sua passagem de ônibus para caridade e depois correndo para casa para chegar na hora para as refeições. Os pobres e os sofredores eram seus senhores, e ele era literalmente seu servo, o que considerava um privilégio. A sua caridade não consistia simplesmente em dar algo aos outros, mas em dar completamente de si mesmo. Isto foi alimentado pela comunhão diária com Cristo na Sagrada Eucaristia e pela frequente adoração noturna, pela meditação do “Hino de Caridade” de São Paulo (I Coríntios 13) e pelos escritos de Santa Catarina de Sena. Muitas vezes ele sacrificava as férias na casa de verão Frassati em Pollone (nos arredores de Turim) porque, como ele disse, “Se todos deixarem Turim, quem cuidará dos pobres?”
Em 1921, foi uma figura central em Ravenna, ajudando com entusiasmo a organizar a primeira convenção da Pax Romana, uma associação que tinha como objetivo a unificação de todos os estudantes católicos em todo o mundo com o propósito de trabalhar juntos pela paz universal.
O alpinismo era um de seus esportes favoritos. Os passeios pelas montanhas, que organizava com os amigos, também serviam de oportunidade para o seu trabalho apostólico. Nunca perdeu a oportunidade de levar os amigos à missa, à leitura das Escrituras e à oração do terço.
Frequentemente ia ao teatro, à ópera e a museus. Ele adorava arte e música e sabia citar passagens inteiras do poeta Dante.
O gosto pelas epístolas de São Paulo despertou seu zelo pela caridade fraterna, e os sermões ardentes do pregador e reformador da Renascença Girolamo Savonarola e os escritos de Santa Catarina o impeliram em 1922 a ingressar nos Leigos Dominicanos (Ordem Terceira de São Domingos). Ele escolheu o nome Girolamo em homenagem ao seu herói pessoal, Savonarola. “Sou um fervoroso admirador deste frade, que morreu como santo na fogueira”, escreveu a um amigo.
Tal como o seu pai, ele era fortemente antifascista e nada fez para esconder as suas opiniões políticas. Ele defendeu fisicamente a fé por vezes envolvido em lutas, primeiro com comunistas anticlericais e depois com fascistas. Certa vez, participando numa manifestação organizada pela Igreja em Roma, ele enfrentou a violência policial e reuniu os outros jovens agarrando a bandeira do grupo, que os guardas reais tinham arrancado das mãos de outro estudante. Pier Giorgio manteve-o ainda mais alto, enquanto usava o mastro do estandarte para se defender dos golpes dos guardas.
Pouco antes de receber seu diploma universitário, Pier Giorgio contraiu poliomielite, que os médicos mais tarde especularam que ele contraiu dos doentes de quem cuidava. Negligenciando a própria saúde porque sua avó estava morrendo, após seis dias de terrível sofrimento Pier Giorgio morreu aos 24 anos em 4 de julho de 1925.
Sua última preocupação foi com os pobres. Na véspera de sua morte, com a mão paralisada, rabiscou uma mensagem a um amigo, pedindo-lhe que tomasse os remédios necessários para as injeções a serem aplicadas em Converso, um pobre doente que ele visitava.
O funeral de Pier Giorgio foi um triunfo. As ruas da cidade estavam repletas de uma multidão de enlutados que eram desconhecidos da sua família – os pobres e os necessitados a quem ele servira de forma tão altruísta durante sete anos. Muitas dessas pessoas, por sua vez, ficaram surpresas ao saber que o jovem santo que conheciam era na verdade o herdeiro da influente família Frassati.
O Papa João Paulo II, depois de visitar o seu túmulo original no terreno da família em Pollone, disse em 1989: “Queria prestar homenagem a um jovem que soube testemunhar Cristo com singular eficácia neste nosso século. Quando eu era jovem, também senti a influência benéfica de seu exemplo e, como estudante, fiquei impressionado com a força de seu testemunho.”
Em 20 de maio de 1990, na Praça de São Pedro, repleta de milhares de pessoas, o Papa beatificou Pier Giorgio Frassati, chamando-o de “Homem das Oito Bem-Aventuranças”. [N.T: E agora a canonização de Pier Giorgio será realizada no próximo ano de 2025, em Turim, onde são esperadas centenas de milhares de pessoas].
Seus restos mortais, encontrados completamente intactos e incorruptos após a exumação em 31 de março de 1981, foram transferidos do túmulo da família em Pollone para a catedral de Turim. Muitos peregrinos, especialmente estudantes e jovens, vão ao túmulo do futuro São Pier Giorgio Frassati em busca de favores e de coragem para seguir o seu exemplo.
Emanuel de Jesus
Missionário da Comunidade Católica Missão Maria de Nazaré