São Paulo, um celibatário, escrevendo aos tessalonicenses diz: “[desejamos] não só comunicar-vos o Evangelho de Deus, mas até a nossa própria vida, porquanto nos sois muito queridos” (I Ts 2, 8).
Ao escrever isso em sua carta, São Paulo está nos fornecendo um conhecimento também sobre o celibato cristão. O celibatário, no dizer de São João Paulo II, é aquele que é chamado a, já aqui na terra, antecipar o casamento que viverá plenamente no Céu. “Uma união com Cristo” (TdC, 75).
Mas também um celibatário é aquele que é chamado a consumir sua vida por “amor ao Reino dos Céus” (Mt 19, 12). Não somente com a palavra, ensinando, conduzindo as almas nos caminhos de Deus, seja como sacerdote ou leigo, “comunicando o Evangelho”, como diz São Paulo acima, mas dando a própria vida, “até a nossa própria vida”.
Deus quando nos pede algo, não nos pede menos que a nossa própria vida, nossa história toda, nosso coração inteiro. Mais do que a palavra, Ele deseja a vida do celibatário por completo. Ao atendar confissão, ele dá a vida; ao celebrar a Eucaristia, ele dá a vida; ao fazer ainda que sejam as pequenas coisas do dia, ele dá a vida. Ou como leigo, chamado a conduzir um povo, ele dá a vida; ao se desgastar pelas coisas e pelo povo de Deus, ele dá a vida. Jesus estende o convite que fez a Santa Catarina de Sena “cuida das minhas coisas, que eu cuido das tuas”.
Aqui encerro com as palavras da própria Igreja sobre tão excelsa vocação: “chamados a consagrarem-se totalmente ao Senhor e às suas coisas dão-se por inteiro a Deus e aos homens. O celibato é um sinal dessa vida nova, para cujo serviço o ministro da Igreja é consagrado; aceito de coração alegre, anuncia de modo radioso o Reino de Deus” (CIC, 1579).
Emanuel de Jesus
Missionário da Comunidade Católica Missão Maria de Nazaré
São João Paulo II, Teologia do Corpo – O amor humano no plano divino, Editora Ecclesiae, 2014.
CATECISMO da Igreja Católica. São Paulo: Loyola, 2000.