Na concepção cristã, os filhos são tidos sempre como uma benção. Apesar desta visão positiva, atualmente muitos casais cristãos tentam calcular o momento “ideal” (se é que ele existe) para ter um filho.
Acontece que muitas vezes o momento de ter filhos é calculado como se estivessem adquirindo um automóvel ou uma casa, os pontos positivos e negativos são colocados numa balança, como se fosse possível quantificar o valor de uma pessoa.
Comumente a tarefa de cuidar é vista como um fardo, como uma responsabilidade que deve ser evitada a qualquer custo. Parece qua há um “super foco” nos pontos negativos, como se não pudéssemos tirar nada de bom.
Na sua carta às famílias, São João Paulo II diz: “Uma nação verdadeiramente soberana e espiritualmente forte é sempre composta por famílias fortes, cientes da sua vocação e da sua missão na história […]. Relegar a família para um papel subalterno e secundário, excluindo-a da posição que lhe compete na sociedade, significa causar um grave dano ao autêntico crescimento do corpo social”.
São João Paulo II prossegue dizendo que “a cultura se reduz a uma civilização das “coisas” e não das “pessoas”, a uma civilização onde as pessoas se usam como se usam as coisas. No contexto da civilização do prazer, a mulher pode tornar-se para o homem um objeto, os filhos um obstáculo para os pais, a família uma instituição embaraçante para a liberdade dos membros”.
Não se desconhece que o cuidado exige sacrifício e renúncias, mas não podemos esquecer que também há recompensas: os momentos de alegria compartilhados em família, o sorriso sincero, os pequenos gestos de carinho, o aconchego, o abraço que mais parece uma casa onde queremos morar.
Ainda dentro da visão cristã, também podemos contar com a graça que se recebe dentro do sacramento do matrimônio, aquela que anula todo o temor diante do amor[1].
A verdade é que os filhos não são uma “coisa” que se possui, nem podem ser comparados a um objeto que vamos adquirir após alcançar a tão sonhada (por vezes utópica!) estabilidade financeira. Filhos são um dom, não um direito[2]. São como flechas na mão do guerreiro,[3] que precisam ser cuidados e preparados para ir ao mundo e executar a missão que Deus lhes confiar[4].
[1] 1 Jo 4, 18.
[2] CIC 2378.
[3] Sl 137, 3-5.
[4] O presente texto foi escrito com base no livro “O amor que dá vida” que tem como autora a Kimberly Hahn, publicado pela editora Quadrante, 2018.