Ouve-se muito e crescentemente pais falarem “meu filho não quer mais saber de Igreja, mas a culpa não é minha, já fiz tudo o que pude” em tom de preocupação e desânimo – uma triste realidade que muitas famílias vivem nos dias de hoje – sem saber mais o que fazer para reverter essa situação a não ser muitas vezes orando pela conversão dos seus e os entregando a Deus ou simplesmente desistindo.
A preocupação com a salvação dos filhos deve mesmo ser parte dos motivos pelos quais os pais rezam. Inclusive em uma recente entrevista Frei Gilson comentou o seguinte: “os pais não abrem mão de ensinar e até mesmo obrigar os filhos a escovarem os dentes, a tomar banho, a comer, a ir pra escola por “n” fatores que provam a importância dessas atividades, mas vejo muitos pais que no momento de levar os filhos a missa já dizem “ah, não vou obriga-lo a ir, a fé é algo pessoal, quando ele crescer escolherá seu caminho”, e como isso é possível? Os pais educam seus filhos para serem pessoas dignas, mas se retraem na hora de ensinar seus filhos o caminho da santidade sobre por que ir à missa, confessar, rezar diariamente, se vestir modestamente… enfim… depois de já crescidos esses pais acreditam que aquela criança que não conheceu a Jesus, hoje já em idade da razão e da liberdade acordará um dia e escolherá por conta própria amar a Cristo e sua Igreja?”.
Infelizmente vivemos em tempos de acovardamento dos pais no ensino da fé aos filhos, uma espécie de terceirização da responsabilidade do ser “Igreja doméstica” seja à escola, a outros parentes, a própria criança, isto é, ao mundo. Embora existam muitas famílias que lutam incansavelmente pela conversão de seus parentes e que vivem verdadeiras batalhas para resgatar crianças, jovens e adultos que não conhecem o amor de Deus e muitas vezes ainda estão presos no mundanismo, existe sim uma outra parcela de pais que nem tentam mais, não se sentem mais capazes de orar, estão sem esperança.
Diante dessa triste realidade, certo é que orar por um filho nunca será perdido e disso temos inúmeros testemunhos de pais que colocaram seus joelhos no chão pela conversão e salvação de um “filho perdido”, a exemplo de Santa Rita de Cássia que pediu a Deus que não permitisse que seus filhos se perdessem em meio ao ódio e ao pecado mesmo que isso custasse suas vidas ceifadas ainda na juventude e, assim ocorreu; e, Santa Mônica que orou por 30 anos para que seu filho Agostinho se convertesse. Do outro lado, têm-se também famílias que oravam com seus filhos ainda no ventre de suas mães, crescendo e nutrindo no ambiente doméstico a beleza da fé e da oração nas pequenas coisas do cotidiano: São Luís e Santa Zélia, Beatos Luigi e Maria Beltrame, Santa Gianna, Serva de Deus Chiara Corbella e tantos outros.
Logo, devemos crer que testemunhos de santas famílias nascem do desejo íntimo de cada cônjuge a amar a Deus sob todas as coisas (e pessoas) de tal modo que vivam “em uma só carne” o desejo pela santidade para si e todos os filhos que os forem confiados pela Providência Divina por meio da vivência de uma verdadeira e autêntica fé – alimentada pelo próprio Amor. Portanto, quando ouvimos relatos alegres e edificantes sobre a vida de oração familiar devemos saber: o céu também é para nós.
E, em falar em relato, acompanhe um pouco do que compartilhou uma mãe que é consagrada de vida da Comunidade Católica Missão Maria de Nazaré, hoje grávida do seu quarto bebê: “antes que nossas filhas nascessem tivemos a preocupação de começar uma vida de oração em família, então desde o ventre os nossos bebês e nós vivemos juntos essa experiência de fé e isso fez com a intimidade em falar com Deus se tornasse algo natural e enraizado em nós. De tal maneira que, hoje nossas filhas nos veem rezando em diversos momentos do dia e também rezam conosco”.
É belo pensar que além das canções de ninar, histórias infantis e barulhos diversos, o bebê escutou desde o vente os seus pais falarem com Deus e, mais, ouso dizer, que conheceu um pouco sobre o seu próprio Criador por meio da fé e do amor de seus pais por Ele!
Não obstante, deixa-nos claro a mesma missionária: “começar uma rotina de oração não é fácil se nunca a tivemos, as dificuldades e distrações vêm, mas se ao sermos provados mantivermos o propósito, eu sei (e experimento) que o Senhor honrará nosso esforço, pois Ele não se deixa vencer em generosidade, quando somos generosos com Ele, Ele é ainda mais generoso conosco”. Então não é necessário vivermos em um desses dois grupos: a família que reza muito ou a família que não reza – necessário mesmo nos é amar a Deus e construir a igreja doméstica que Ele quer, deseja e nos ajuda a solidificar por meio da nossa vida de oração em família.
Finalizo essa reflexão com a passagem que é para esse casal de pais o sustento e a esperança enquanto responsáveis pela busca da santidade para si e seus filhos: “Ensina à criança o caminho que ela deve seguir; mesmo quando envelhecer, dele não há de se afastar.” (Prov 22,6) e te convido a refletir sobre qual caminho você tem ensinado seu filho a seguir, porque senão for o caminho correto (dito por João no capítulo 14, 6: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”) ainda é tempo de mudar a rota e levar a sua família com você.
Deus abençoe nossas famílias!