Ao encarnar-se, Deus habitou a terra humanamente (sem qualquer pecado) como filho e, por isso Ele tem muito a nos ensinar sobre a vida de oração.
A passagem bíblica de São Lucas 2,52 nos diz: “Jesus ia crescendo em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos homens”, em termos de graça certamente fala-se de oração, de intimidade com o Senhor e de cumprimento dos deveres religiosos e por isso, posso dizer que Jesus é nosso maior exemplo de filho que reza, obedece aos pais e faz a Vontade do Pai. Logo, o maior exemplo de como rezar é de nosso divino Mestre para nos ensinar a dizer “Pai nosso…”.
Nos tempos em que vivemos a oração é um ato de fé que a muitos escandaliza e a outros devolve a esperança; em se tratando disso, muitos consideram “pessoas de fé” aqueles que não saem da igreja (as senhorinhas, por exemplo), os religiosos porque “eles rezam muito”, pessoas que sabem as Escrituras de cor e salteado etc. Mas provavelmente não consideramos que as crianças e jovens também rezam (ou pelo menos deveriam), que podem ir ao Santíssimo, aprender orações para comer, dormir, enfim que podem ser essas “pessoas de fé”.
Certa vez ouvi uma criança, filha de um casal consagrados, dizer: “oração é estar com Jesus na Missa”. Pense o quão belo é para uma criança dizer isso.
Na missa ela encontra Jesus, que morreu e ressuscitou, pois mesmo sem entender todo o rito litúrgico compreende “quem” ela vai encontrar lá e isso basta: vou encontrar o Senhor! Dessa mesma forma, Jesus tantas e tantas vezes esteve nas sinagogas e templos aprendendo e ensinando, mas sobretudo encontrando a Deus Pai na oração. Ainda aos 12 anos, Ele se perdeu de seus pais para estar “na casa do meu Pai” (cf. Lc 2,49), indicando que Igreja é o lugar do encontro para falar com o Senhor.
A palavra oração vem do latim orare (falar, dizer), e oratio (palavra, discurso, súplica), que, por sua vez, deriva de os, oris (boca), então [pode significar] “a palavra que dirigimos a Deus, louvando-o e suplicando-lhe”. Portanto, as inúmeras passagens bíblicas que retratam Jesus que se retira e ora ao Pai, reforçam que existe um diálogo na oração. Certa vez também ouvi uma criança a dizer uma simples mas bela frase que diz “rezar é estar com Jesus”.
Em nossas famílias e das de conhecidos, muito dificilmente teremos crianças que aprenderam a rezar sozinhas, sem ver exemplo de alguém próximo, sem ler e/ou ouvir em algum lugar e até mesmo sem ir à Igreja com frequência. Portanto, os exemplos que citei dessas duas crianças vieram do exemplo de vida de oração de sua família, principalmente de seus pais – algo que é dito na mesma passagem do reencontro com Jesus no Templo na frase no final “e ele lhes era obediente”, logo podemos crer que as práticas oracionais de Maria e José faziam parte do cotidiano do filho que mesmo sendo Deus aprendeu com seus pais a rezar.
O exemplo dos pais forja quem serão seus filhos de tal modo que quanto mais próximos de Deus os pais estão por meio da oração, mais próximos os filhos vão querer também estar (e muitas vezes estarão). E isso se comprova pela forma cada vez mais consciente e concreta que as crianças e jovens se relacionam com o divino:
“Oração para mim é uma conversa com Deus que me remete ao transcendente com Ele. A importância da oração para mim é que ela me alimenta todos os dias e me faz viver cada dia mais santamente; gosto de rezar Sub tuum praesidium, e as Laudes e Completas com a minha família.” (Testemunho do filho de 12 anos de casal consagrado da Missão Maria de Nazaré)
Tanyele Rodrigues
Missionária da Comunidade Católica Missão Maria de Nazaré