Para uma mãe que quer ter vida de oração em meio às atividades diárias de sua casa que costuma ser mais ou menos assim logo cedo: acordar e cuidar de cada filho, de um troca-se a fralda, dá leite, antes de vestir uma roupa no primeiro o outro já acorda chorando, daí então é mais uma troca de fralda, amamentação, para então trocar a roupa das crianças e preparar o café da manhã para todos. Enfim, existem inúmeros desafios, certo? E olha que só exemplifiquei o que acontece no início do dia.
Devido as inúmeras tarefas que nós como mães temos durante o dia, sempre estamos dizendo que não temos tempo, que algo ficou por fazer, que estamos cansadas, que ninguém reconhece nosso trabalho e nem vimos o dia passar e que não fizemos nem o sinal da cruz ao acordar, porque as crianças acordaram às 6h da manhã e mal deu tempo de escovar os dentes e trocar a roupa. Logo, muitas vezes é justificável que as orações fiquem em último lugar junto com os exercícios físicos e a ida a manicure (que estamos postergando há 2 meses).
Nós dizemos a todo tempo que é impossível ter uma vida de oração com tanto a fazer, que não cabe no nosso dia mais uma tarefa, porque se tentarmos vamos falhar, esquecer dia ou outro de rezar, fazer de qualquer jeito, se perder nas ave-marias do terço por reprender um dos filhos naquele momento. Temos “n” motivos que nos desanimam.
Eu, por exemplo, vejo quão exemplar é a vida de oração do meu esposo, que faz assim como diz a Bíblia “quando orardes, vá para seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai” (Mt 6,6), pois ele entra para o quarto e realiza suas orações com calma e profundidade, mesmo com a casa “pegando fogo”, e não pense que às vezes eu não ache que isso seja injusto para mim (por que ele pode e eu não?), mas existem motivos pelos quais nós temos vidas de oração diferentes e preciso lutar contra essa tentação de querer ser igual.
Primeiro é que quando eu parei de criar falsos motivos para não ter Deus no meu dia a dia, percebi que consigo rezar sim. Não me fecho no quarto para orar, não acordo às 5h da manhã antes das crianças para ter silêncio, mas consigo ter vida de oração com o decorrer do dia mesmo com os desafios de lembrar de rezar, de tentar prestar atenção no que digo durante um terço, mas sem me cobrar rezar exemplarmente como os religiosos devem fazer e até mesmo como meu esposo consegue.
A esperança que tenho é que Deus vê mais do que a oração bem feita que nem sempre consigo fazer, mas minha vontade de estar com Ele durante o meu dia, inserido na minha realidade como mãe, esposa e dona de casa, cuja a primeira vocação é ser quem cuida e educa, que é o coração e a harmonia do lar, mas que só consegue exercer com excelência tendo Deus como centro. Vai nos dizer Santa Teresinha do Menino Jesus “para mim, a oração é uma elevação do coração, um singelo olhar para o Céu, um clamor de gratidão, o amor no meio da provação e da alegria”.
Você pode pensar “ah, mas você não sabe como é minha vida, como meus filhos são difíceis, como meu casamento está abalado… com certeza teu esposo é ótimo, teus filhos uns amores e você deve ter uma faxineira”. Pois bem, você tem razão! Meu casamento é ótimo e minhas filhas são uns amores, mas não são perfeitos assim como eu não sou. Então existem provações, crises, doenças, mas acima de tudo existe um desejo de construir um lar de amor que mira a santidade para todos nós e essa responsabilidade passa por mim.
Finalizo te dizendo: é possível ter vida de oração sendo mãe! Nossa vida não é apenas cumprir as obrigações diárias de manter a casa limpa, os filhos saudáveis e a vida conjugal em dia (às vezes ser uma profissional exemplar também) pois isso não santificará a tua vida e a de tua família. O que elevará seu coração a Deus nas alegrias e provações é ter Deus no centro de tudo, fazer da sua vida a oração mais íntima e agradável, porque Ele vê seu coração e verá seu empenho em meio ao seu sacrifício de passar noites em claro para cuidar de um filho doente, tantas vezes que deixa de cuidar de si para garantir uma boa refeição para todos, o cansaço mas a dedicação em ter uma momento de lazer com seu esposo, enfim…mas que mesmo assim ora, encontra uma brecha para rezar, que acorda 5 minutos mais cedo e entrega seu dia a Virgem Maria, que pede pelos seus em meio a lavagem de uma louça.
É assim a vida de oração de uma mãe. Como é a sua, mãe? Como você quer que seja?
Deus nos abençoe.
Tanyele Rodrigues
Missionária da Comunidade Católica Missão Maria de Nazaré