A Palavra anunciada pela liturgia é fonte de continua graça. É como a água que percorre, a partir da sua fonte, sempre o mesmo caminho para chegar ao oceano, seu destino final. A liturgia que ano após ano vivenciamos é sempre nova, são como estas águas, que vem saciar nossa sede da palavra de Deus que sempre narra sua vontade, o caminho para nossa salvação.
Porém, a Sagrada Escritura não deve ser lida como um livro qualquer, pois pela fé afirmamos ser fruto da inspiração do próprio Deus. Por isso a leitura da palavra deve ser orante e voltada para experiência com Cristo, o Verbo encarnado.
Guido, o Cartuxo, escreveu em seu livro “Escada do Claustro”, o que ele chamou dos quatro degraus que a experiência com a palavra pode proporcionar.
“A leitura é o estudo assíduo das Escrituras, feito com aplicação do espírito.
A meditação é uma ação deliberada da mente, a investigar com a ajuda da própria razão o conhecimento duma verdade oculta.
A oração é uma religiosa aplicação do coração a Deus, para afastar os males ou obter o bem.
A contemplação é uma certa elevação da alma em Deus, suspensa acima dela mesma, e degustando as alegrias da eterna doçura.”
Aqui ele apresenta os quatro passos para a Lectio Divina, que é, provavelmente, o método mais popular para o mergulho na Palavra de Deus. Não se trata aqui de um mero estudo, mas de uma experiência profunda com Jesus, da qual toda Bíblia nos fala.
É necessário que haja abertura de coração, disposição para ouvir a voz do Senhor e a certeza de que é Ele que nos comunica sua verdade, pois a Palavra é viva.
Quando a Lectio Divina é então, feita diariamente e partir da liturgia, unimos a experiência pessoal com a experiência eclesial, pois as leituras diárias que a liturgia nos propõe pela Igreja, são as mesmas em todo mundo. Por isso, é muito recomendável que o “o que se lê” seja apresentado pela liturgia da Igreja, e o “como se lê” vivido a partir dos passos da Lectio Divina. Deste modo, a nossa experiência com a Bíblia Sagrada será, a cada dia, mais profunda e completa.