Desde os finais do séc. III, com o início da vida monástica, Deus tem chamado os homens de todos os tempos e lugares a serem sal da terra e luz do mundo para levar o Evangelho até os confins da terra.
Todavia, para tempos novos, inspirações igualmente novas suscitadas pelo Espírito Santo têm surgido na Igreja a fim de propor respostas salvíficas às demandas e mazelas das sociedades contemporâneas. É precisamente nessa dimensão do mundo moderno que irrompe o fenômeno das Novas Comunidades, uma “nova primavera suscitada pelo Espírito Santo através do Concílio Vaticano II”
As novas comunidades caracterizam-se como grupos de compostos por homens e mulheres, por clérigos e leigos, por casados, celibatários e solteiros que vivem em comunidade, seguem um estilo particular de vida sob a graça e espiritualidade de um carisma particular, a exemplo das antigas congregações e ordens religiosas de outrora na Igreja. Surgidas a partir do rastro deixado pelo Concílio Vaticano II, as primeiras novas comunidades surgiram na década de 1970, na França e nos EUA, propagando-se em pouco tempo pelo resto do mundo.
Como características muito próprias, as novas comunidades trazem as seguintes peculiaridades:
- Um carisma próprio e bem definido;
- Amor e reverência filial ao Papa e fidelidade à doutrina católica;
- Um forte apelo missionário;
- De modo geral, a vivência comunitária sob duas formas: comunidade de vida e comunidade de aliança;
- A vivência dos votos da pobreza, castidade e obediência (votos não solenes em algumas comunidades)
- Um governo comum e organizado, vivenciado sob a graça da obediência;
- A presença de todos os estados de vida: casados, solteiros, celibatários e clérigos;
- Vivência moral segundo o Sagrado Magistério da Igreja.
- Intensa vida de oração pessoal e comunitária.
As comunidades novas (ou novas fundações, como a Igreja as denomina em seus documentos oficiais) trazem ao seio da Igreja o renovado frescor de uma vida consagrada a Deus pelos ideais dos conselhos evangélicos, tornando concreto e palpável o chamado universal à santidade propagado pelas alocuções e documentos conciliares. Com o testemunho de seus membros, elas são um apelo de Deus aos homens, para que se convertam, um sinal de que o Senhor Jesus está vivo, age e fala à humanidade e quer salvar a todos.
No Brasil, desde o final da década de 1970, as novas fundações encontraram um fértil terreno de vocações, contabilizando hoje mais de 500 comunidades oficialmente constituídas no território nacional. Pioneiras dentre elas estão a Comunidade Canção Nova, com sede em Cachoeira Paulista e fundada por Monsenhor Jonas Abib, falecido em dezembro de 2022 e, a seu lado, a Comunidade Católica Shalom, fundada por Moyses Azevedo em 1982. Ambas estão entre as maiores comunidades da Igreja, tendo casas missionárias no Brasil e em diversos países do exterior, e receberam o reconhecimento pontifício de seus carismas, isto é, a Igreja universal declara tratar-se de inspirações autênticas, cuja vivência plena é capaz de conduzir o homem à santidade e à comunhão com Deus.
Mas… por que surgiram as novas comunidades? Será que as ordens religiosas falharam em suas vocações ou na sua missão evangelizadora?
É certo que, embora as antigas ordens e congregações religiosas jamais tenham perdido a força e autenticidade de seus carismas, o mundo moderno trazia consigo questionamentos que exigiam respostas que fossem dadas em uma linguagem apostólica mais adequada às realidades contemporâneas.
Somado a isso, o próprio Concílio Vaticano II pedia à Igreja o exercício de uma apostolado mais inserido no mundo, que fosse realmente “sal na massa”, a fim de que estivesse pronta a viver e confrontar os desafios do seu tempo.
Na memorável vigília de Pentecostes de 1998, o Papa São João Paulo II declarou serem as novas comunidades uma “providencial resposta do Espírito”, uma vez que, através delas, leigos se consagram a Deus através de um carisma específico e pela radicalidade na sua vivência, vivem autenticamente seu Batismo em meio a um mundo que necessita profundamente de testemunhas do Cristo ressuscitado.
Assim, as novas comunidades fizeram florir os jardins da Igreja Católica, emanando a beleza do Evangelho que nunca morre ou envelhece, e espalhando o “bom odor de Cristo” aos homens deste tempo.
Você já pensou em discernir sua vocação junto a uma nova comunidade?