Carrego uma certeza no meu coração: Deus não desiste de nós, mesmo que vivamos como se Ele não existisse.
Comecei a consumir bebida alcoólica ainda na minha adolescência, aos 14 anos, estimulado pelo meio em que vivia, inclusive com anuência do meu pai. Desde então fui mergulhando cada vez mais nesse universo de bebida, farra e curtição. Sempre fui um jovem querido por todos, rodeado de amigos e nunca estava só.
Na minha juventude esse processo foi se intensificado e já era reconhecido por minha vida de embriaguês. O mais interessante é que as pessoas não me olhavam com maus olhos. Para a maioria das pessoas, eu era apenas um jovem, com um bom emprego, aproveitando a vida. Incrível como a frequente embriaguez de um jovem rapaz em nada incomodava as pessoas que pareciam até mesmo aplaudir a minha vida errada.
Mas, pela graça de Deus, havia uma pessoa próxima de mim que sabia que esse não deveria ser o caminho natural. Aquela que me deu os bens mais preciosos: a vida e a fé. Minha mãe nunca cansou de repetir: “Só existe um caminho, meu filho. Se chama Jesus Cristo”. Ela, que viu seu casamento ser destruído pela bebida, sabia que se eu continuasse com essa vida, certamente me perderia. A dona Jesus (minha mãe) tinha razão mais uma vez e não se cansou de interceder pelo impossível da minha conversão.
Aos 27 anos, depois de muito tempo vivendo longe da vontade de Deus, em um grupo de oração da RCC, fiz minha primeira experiência com o poder do Espírito Santo. Durante um momento de oração, o pregador conduziu dizendo: “Você não sabe o que precisa pedir, deixa o Espírito Santo orar em você”. Neste exato momento eu ouvi dentro de mim uma voz que dizia: “Eu quero parar de beber”. Levei um susto e retruquei: “Não! Não fui eu que disse isso. Não quero parar!”. O que o pregador falou realmente aconteceu. O Espírito Santo, sabendo o que eu realmente precisava, orou em mim.
A partir desse dia, nunca mais fui o mesmo. A vida velha começava a me incomodar e foi deixando de fazer sentido. Ainda assim, continuei na vida de pecado por 2 anos.
Como Deus nunca desiste de nós, no dia 21 de maio de 2016, em outro retiro de oração, o Senhor me chamou definitivamente. O pregador olhou em minha direção, estendeu a mão e disse: “Passa pra cá o teu copo de cerveja que eu te darei a água viva do Espírito Santo!”. Não restava dúvidas, o Senhor me chamava e me dizia exatamente o que Ele queria de mim.
Nesse mesmo dia, ao chegar em casa, chamei minha esposa e disse que jogaria todas as bebidas fora e que nunca mais iria beber. Foi um grande susto e uma imensa alegria pra ela, que jamais acreditou que isso fosse possível.
Abri todas as garrafas de bebidas que tinha em casa e derramei no ralo da pia. Cerveja, cachaça, vodca, uísque, vinho… Até energético eu joguei fora. Não queria mais nada que me lembrasse da vida velha. Enchemos um carrinho de supermercado com garrafas vazias.
No centro da sala, no alto, tínhamos um barzinho, que foi desfeito e colocado um altar no lugar.
A partir de então nossa vida mudou de ponta a cabeça. Os amigos sumiram, a abstinência me perseguia, mas o Senhor nunca nos desamparou. Fomos aos poucos nos fortalecendo e entendendo os propósitos de Deus para nossa família.
A sede das coisas de Deus só aumentava e queríamos nos entregar ainda mais.
Foi quando encontramos a comunidade Católica Missão Maria de Nazaré, nosso carisma, nossa identidade, onde estamos fazendo o caminho de consagração.
O caminho na comunidade é uma frequente formação, onde quem se abre à vontade de Deus tem uma oportunidade de crescer e se manter firme na fé. Hoje sou casado e tenho cinco filhos maravilhosos que me ensinam a cada dia como desapegar de mim e viver bem a minha vocação matrimonial.
Finalizo gritando com todas as minhas forças: “Não desista dos seus. Deus não desiste de você!”
Testemunho do Missionário Luís Fernando Oliveira