Notando que alguns defensores do controle de natalidade artificial argumentavam “que a inteligência humana tem o direito e a responsabilidade de controlar as forças da natureza irracional que vêm em seu âmbito e de dirigi-las para fins benéficos ao homem,” Paulo VI concorda. Mas isso, diz ele, “deve ser feito dentro dos limites da ordem da realidade estabelecida por Deus.” Isso significa trabalhar com “os ciclos naturais imanentes no sistema reprodutivo” ao invés de frustrá-los. Relações maritais durante períodos inférteis permanecem abertas aos desígnios de Deus e “expressa [m] seu amor mútuo e de salvaguarda sua fidelidade para com o outro.” Apesar de Paulo VI não usar o termo, que hoje nós chamamos de Planejamento Familiar Natural (PFN), era exatamente a isso que ele se referia.
O uso da PFN, recorda o Santo Padre, promove a auto-disciplina e castidade, enquanto que a contracepção artificial “poderia abrir um caminho largo para a infidelidade conjugal e uma diminuição geral dos padrões morais.” A explosão da taxa de divórcio e do recurso extensivo ao aborto como um substituto para a contracepção, desde a promulgação da Humanae Vitae, são apenas duas das razões pelas quais o Papa Paulo VI foi considerado um profeta. Há também o perigo de que um marido possa vir a considerar sua esposa como “um instrumento simples para a satisfação de seus próprios desejos”, já que a contracepção artificial elimina qualquer necessidade de estar ciente dos ciclos biológicos da esposa.